Quem Somos
Revista Arte Ceará
Com a missão de difundir e fortalecer o fazer artístico, local e universal, a Revista Arte Ceará vem sendo um importante instrumento de divulgação das mais variadas formas do fazer artístico, com conteúdos atualizados e de referência. Com temas que passeiam por movimentos culturais, vida e obra de nomes consagrados nacional e internacionalmente, reflexões sobre arte e produção artística e história da arte pelo mundo, a publicação vem cumprindo seu papel de aproximar o público e fazer com que a arte seja abordada de forma leve, informativa e colaborativa. Publicação única no estado do Ceará, tem como curador Vando Figueiredo, consultoria de arte de Ignês Fiúza, executiva comercial Lilia Quinderé e editoria de Júnior Gomes. A revista é assinada pela Bookmaker (BK Editora), em formato impresso e digital. O veículo, de abordagem premium, constitui-se em uma alternativa estratégica de posicionamento de marca num nicho de mercado de alto prestígio.
Nascido no município cearense de Sobral, em 1890, Raimundo Cela foi pintor, gravador e professor. Sua arte era cheia de detalhes e tinha como maiores objetivos revelar a poesia por trás da história e propor um novo olhar a tudo que representava. Pescadores, vaqueiros, rendeiras, jangadas, marinas e beiras de praias são imagens muito presentes em suas obras. Cela nunca teve a intenção de recriar personagens e objetos com total fidelidade, prova disso é que utilizou distorções quase caricaturais, dotadas de forte intensidade expressiva. Raimundo Cela faleceu em Niterói, no dia 6 de novembro de 1954.
Nascido em 26 de maio de 1922, Antonio Bandeira era de origem bastante simples, mas, desde cedo, sempre teve muito interesse por arte. Aos 19 anos, juntamente com Barrica e Mário Barata, criou o Centro Cultural de Belas Artes, que viria a ser a Sociedade Cearense de Artes Plásticas. A proximidade com Alfred Otto Wolfgang e Camille Bryen, durante o tempo em Paris, fez com que Bandeira aderisse ao informalismo, o também chamado abstracionismo lírico. Em 1951 retorna ao Brasil. Inicialmente, passa a viver no Rio de Janeiro e depois em Fortaleza. Em 1965, retorna a Paris e começa a utilizar materiais como barbantes e isopor. Antonio Bandeira faleceu em 1967.
Nascido em Ingazeiras, distrito cearense de Aurora, em 1922, Aldemir Martins sempre apresentou inclinação para a arte. Aluno do Colégio Militar de Fortaleza, foi escolhido para exercer a função de orientador artístico da classe. Entre 1941 e 1945, serviu ao Exército, onde recebeu o apelido de "Cabo Pintor". Sua obra é marcada por cores fortes, traços e luzes marcantes, com grande presença de paisagens e figuras nordestinas, animais e frutas. Caixas de charuto, papéis de carta, cartões-postais, telas de linho, de juta e tecidos variados e, até mesmo, fôrmas de pizza são apenas alguns dos materiais e suportes utilizados. Além do desenho e da pintura, também experienciou a gravura, a cerâmica e a escultura. Aldemir Martins faleceu em 2006, em São Paulo.
Autodidata, Zenon da Cunha Mendes Barreto nasceu no município cearense de Sobral, em 31 de dezembro de 1918. Além da pintura, também se dedicou ao desenho, escultura, cenografia, ilustração e xilogravura, sendo reconhecido como um dos maiores representantes das artes plásticas do Ceará. Uma das principais características de Zenon foi o desprendimento a um estilo único, ou seja, seu trabalho passou por diversas fases, todas, no entanto, com destaque e enorme brilhantismo. De início, tinham um caráter fortemente expressionista, com muitas cores e recorrentes temas humanos. Posteriormente, na busca por uma maior qualidade dramática, passou a deformar as figuras humanas. Tempos depois, percebeu a necessidade de se dedicar mais ao fazer artesanal, utilizando o espaço com um maior rigor estético-formal e usando cores mais puras e chapadas. Zenon Barreto faleceu em Fortaleza, em 18 de janeiro de 2002.
Heloísa nasceu em Guaramiranga, em 1926, um meio repleto de cores: de variações de uma rica vegetação em mil verdes; de terras vermelhas, marrons e amarelas retingidas pelo lodo oriundo de pinceladas de umidade; de céus azuis e plúmbicos como branquíssimas nuvens que, no cair da tarde, refletem inimagináveis paletas de laranjas, roxos e turquesas; e de cores em harmonias inesperadas das plumas de pássaros pouco conhecidos. O talento de Heloísa para as artes já era perceptível, desde criança. Pintora, escultora, tapeceira, desenhista e gravadora, seus primeiros trabalhos foram registros das paisagens de Guaramiranga, com forte influência da pintura que desenvolviam os artistas escapeanos. Depois, enveredou pela arte de influência cubista. Helóisa tornou-se uma espécie de “locomotiva” das artes plásticas nas décadas de 1960 e 1970, tudo que acontecia era capitaneado ou tinha a sua mão.
Crítico de arte, pintor e ilustrador, Nilo de Brito Firmeza, que adotou o apelido de Estrigas na época em que era estudante do Liceu do Ceará, nasceu em Fortaleza, em 1919. Formado em odontologia, passa a frequentar, no ano de 1950, a Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP). Lá, realiza seus primeiros cursos de pintura e desenho, e torna-se membro da diretoria, em 1953. Durante toda sua trajetória, participou fortemente do movimento artístico nacional e local, retratando o mundo das artes por meio de pinturas e estudos sobre o tema. Em 1961, casa-se com Nice Firmeza e mudam-se para o sítio da família, no Mondubim. E é nesse espaço que, juntos, criam o Minimuseu Firmeza. Estrigas faleceu em 2014, aos 95 anos de idade.
Francisco Domingos da Silva nasceu em 1910, em Alto Tejo, no Acre. De família humilde e sem muito sucesso nos estudos, a arte foi o caminho escolhido para trilhar. Na comunidade do Pirambu, em Fortaleza, rabisca seus primeiros desenhos a carvão e giz sobre muros e paredes de casebres de pescadores. No início da década de 1940, em Fortaleza, entrou em contato com o suíço-francês Jean-Pierre Chabloz, que o introduziu aos conhecimentos do guache. Dentro do movimento artístico NAÏF, é considerado um “gênio primitivista” brasileiro. Seus trabalhos abordam lendas amazônicas, recordações da infância, ritos e práticas mágicas, entre outros elementos. Sua obra tem forte inclinação poética, através de símbolos que formam a distinção do seu vasto e rico universo cultural. O artista faleceu em 5 de dezembro de 1985.
Guilherme Clidenor de Moura Capibaribe, o expressivo Barrica, nasceu no Cariri, em 1913. Foi pintor, ceramista, restaurador e desenhista. Autodidata, começa a viver em Fortaleza na década de 1920. Juntamente com outros grandes nomes do cenário artístico, passa a compor o grupo que fundou o Centro Cultural de Belas Artes (CCBA), transformado na Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP). Suas obras, de grande caráter impressionista, são marcadas pelo forte refinamento com as cores. O amarelo-ouro passa a ser uma de suas principais marcas registradas. Grande parte de suas pinturas é composta de paisagens, cenas rurais, urbanas ou marinhas, figuras humanas delineadas por um contorno escuro, sobreposto às camadas inferiores de cor. Na cerâmica, de início, trabalha com objetos utilitários, como pratos e vasos. Em fins dos anos 1950, no entanto, passa a criar peças antropomórficas ou de formas abstratas. Barrica faleceu em Fortaleza, em 1993.
Nice Firmeza nasceu em Aracati, município cearense, em 18 de julho de 1921. Ainda em sua cidade natal, incentivada por irmã Margarida, uma das freiras que trabalhava em seu colégio e única pessoa que lecionava desenho no município, começou a ter seus primeiros contatos com a pintura. No ano de 1933, muda-se com a família para Fortaleza. Na década de 1950 começa a fazer parte do Curso Livre de Desenho e Pintura e de Iniciação à História da Arte, da Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP). Conhecer as obras de Nice Firmeza é ter a oportunidade de entrar em contato com um mundo de alegria, felicidade e muitas cores. Crianças e vários tipos de plantas e flores eram temas recorrentes em seus trabalhos. Por seu estilo, destacou-se na arte NAÏF, marcada pela simplicidade. A artista também era exímia bordadeira, a chamada mestre na “pintura em linha”. Com o marido, Estrigas, criou, em 1969, o Minimuseu Firmeza em seu sítio no Mondubim. Nice Firmeza faleceu em abril de 2013, aos 91 anos.
A décima edição da Revista Arte Ceará realizou uma retrospectiva dos nove artistas que foram matéria de capa, nomes seminais da arte cearense e fonte de inspiração para todos que, de algum modo, encontram na arte refúgio e esteio para a vida. Essa celebração contou também com a presença de artistas e instituições que, de diversas formas, colocam a arte cearense em permanente movimento. Agradecemos a todos os nossos parceiros que nos acompanham nessa jornada desafiadora. Independentemente do seu nível de existência, nenhuma sociedade deixou de produzir arte ao longo da história. O registro desses movimentos sempre representou um grande desafio. Acreditamos que, a cada edição, desempenhamos a relevante tarefa de documentar com excelência as diversas produções artísticas do passado e do presente, no Ceará, no Brasil e no mundo.
Afonso Lopes, nascido em 1918 em Fortaleza, Ceará, é uma forte referência da arte cearense. Autodidata, o artista iniciou sua carreira como retocador de fotografias, ofício que lhe proporcionou uma base técnica sólida. No entanto, foi na pintura e no desenho que ele encontrou sua verdadeira voz, dedicando-se a representar o cotidiano do sertão cearense com uma clareza e uma força expressiva singulares. A obra de Lopes é profundamente enraizada na cultura do Nordeste. O artista ingressou na Sociedade Cearense de Artes Plásticas (SCAP) na segunda metade da década de 1940. Em 1946, iniciou sua participação no Salão de Abril, onde foi agraciado com Menção Honrosa naquele ano e em 1947, conquistando também a Medalha de Bronze em 1949. Ao longo dos anos, continuou a se destacar no Salão Municipal de Abril, participando das edições de 1967, 1969, 1978 e 1990, quando recebeu uma Sala Especial e participou da Mostra Paralela. Até o seu falecimento em 2000, o artista participou de mais de 50 exposições, tanto individuais quanto coletivas.